Não, não é preconceito musical. Pelo menos, não ainda. O pré-julgamento é o meio do caminho.
Basicamente, é o que classifica o
ato de julgar algum artista ou banda, sem nenhum conhecimento do que elas tocam ou fazem, ou então julgar pela vida pessoal ou atos particulares da pessoa e, por intermédio disso, passar a renegar a música e trabalhos da mesma, justificando que “eu não gosto/ouço porque fulano é assim e fez isso.”
No mundo musical isso pode tornar-se um enorme desperdício para nós, ouvintes. Por que? Simplesmente porque podemos estar nos negando de ouvir uma bela composição. Desde uma harmonia legal, uma letra bonita, uma batida suave ou agitada, nós negamos ouvi-la simplesmente porque o artista fez algo do qual não nos agradou. Ficamos com receio de apreciar a canção e passarmos a ouvir com freqüência, sendo que nós mesmos nos proibimos disso, afinal “como que eu posso gostar da música deste(a) 'babaca'?”
O que parece ser difícil para uma pessoa comum compreender é algo bastante óbvio. Aliás, o ser humano gosta de fugir da obviedade, criando um padrão de ignorância surreal. Não importa se uma pessoa mudou o rosto, ignorou alguém, xingou um, bateu n’outro, isso importaria se conhecêssemos a pessoa de perto e tivéssemos relações com ela, não é mesmo? Porque, convenhamos, o que influencia no talento, na carreira ou no álbum do artista é somente seu trabalho no estúdio, no palco, no papel. Ou seja, se ele fez algo de errado fora disso, ou algo que não é do seu agrado, não traz absolutamente nenhum empecilho a sua música, então qual a diferença de ouvir o trabalho de alguém barraqueiro ou de alguém todo certinho? É motivo pra desmerecer os álbuns desta pessoa? Embora o povo em geral não enxergue (ou não queira enxergar) é exatamente assim que ocorre.
Outro fato bastante freqüente é soltarmos opiniões de uma banda ou artista baseando-se em um único trabalho artístico deles. Julgamos a tal cantora ser péssima, sim, mas somente porque não gostamos de uma simples música, não tendo conhecimento de outras. Dificilmente buscamos argumentos, pesquisamos outros trabalhos ou lemos sobre a carreira dela para podermos opinar mais amplamente com mais base de tese e sabedoria.
Deixando claro que não defendo nenhum artista, defendo apenas seus trabalhos que considero bons ou “ouvíveis” e luto contra esse tipo de pensamento que, pra mim, além de vetar o indíviduo de ouvir algo que ele possa gostar, não passa de inutilidade.
Finalizando,
não deve interessar se tal artista tem uma música ruim ou indecente, ou se ele agiu errado ou fez algo que não goste, pois pode ser que ele tenha outras que podem te emocionar e te trazer bons momentos, mas é exatamente isso que o pré-julgamento impede, o que é uma pena.