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sábado, 18 de dezembro de 2010

A arte de andar em uma escada rolante

Não importa aonde a encontre, aqueles degraus listrados
de metal com bordas amarelas oferecem a mesma situação para todos que os utilizam.


Em geral é o mesmo público que encontramos na rota de subir/descer para o piso acima/abaixo.

A jornada da arte de andar de escada rolante acontece em vários locais, mas vamos citar um local bem do cotidiano que todos vão pisar um dia: o metrô.


Passando pela catraca, nos deparamos com nossa primeira amiga em
movimento, nos esperando para nos levar lá pra baixo sem esforço.

Você chega e se posiciona em um degrau, meio inquieto pois o horário está apertado. Você desiste de sossegar quando nota que o trem com as portas abertas quase vazio se encontra parado na estação esperando poucos usuários adentrarem. Você desce alguns degraus na tentativa de embarcar e se adiantar uns minutos no compromisso, mas aquela dupla de meninas conversando fecha a sua passagem. Sim, você se lembra com uma certa raiva de que os funcionários pedem gentilmente que mantenha-se o lado esquerdo livre para passageiros que anseiam passar.

Você não quer pedir para que uma delas se afaste por educação ou com medo de ser chato, então observa tristemente as portas do trem se fecharem após o apito sonoro anunciar como um tambor fúnebre a seus ouvidos.

Você chega lá embaixo e se senta procurando se acalmar, enquanto sente ódio de ver as duas garotas cascando o bico de sei lá o que, mal sabendo elas que aquela paradinha errada na escada rolante lhe causou uns minutos a mais de atraso.

O trem chega, você entra e se senta e apenas aguarda (e reza para que nenhuma pane faça você anoitecer trancado no transporte).

Ao sair do trem, acompanhado de umas 20 pessoas ao seu redor, o montante segue junto e misturado até a favorecida escada rolante,
todos tentando chegar no mesmo lugar, porém cada degrau tem lotação de apenas 2 pessoas, fazendo assim um conjunto de pessoas se amontoarem num mesmo local disputando quem vai pegar uma das duas tão desejadas posições no degrau que a trará a um minuto mais próximo de casa.

Você passa por qualquer buraco que acha em meio a multidão e, com passos de formiga pois está cercado, vai se aproximando da escada em movimento, procurando se apoiar no corrimão quando se encontra ao alcance. Por duas vezes você tentou e foi impedido por outros transeuntes, até que finalmente você se mantém com ambos os pés no degrau metálico!

Você conseguiu o mais difícil! Claro, teve que empurrar a loira de bolsa pois um senhor de terno e maleta em mãos prensou sua canela contra a extremidade da escada ao tentar subir no mesmo degrau que o seu.

Não se precipite, as coisas vão bem mas você precisa manter-se ereto e levemente curvado para trás para não acabar beijando a mochila que aparenta levar chumbo do estudante de boné no degrau a frente ao seu.
A mochila equivale a uma pessoa obesa, pois toma conta de no mínimo 3 degraus, 1 para o dono e 2 para a mochila.

Isso tudo em cerca de um segundo de tempo e, quando você já está insatisfeito o bastante com pessoas falando ao celular e papos fúteis ao seu redor, um ritmo agradável de funk carioca soa de algum aparelhinho mal aproveitado e faz a trilha da sua viagem até o piso superior, enquanto você pensa se um dia sentiu mais calor que hoje.

Isso sem contar as escadas rolantes dos shoppings que, embora sejam mais bonitas e melhor utilizadas, não muda nada das alheias. A não ser que, se no metrô a disputa é pra ver quem sobe primeiro a escada, no shopping você insiste que aquela velhinha que chegou a frente da escada junto com você suba primeiro. Até que ela também insiste, sendo assim vão os dois ao mesmo tempo, cruzando com um pivetinho correndo na direção oposta da escada se divertindo. A rota até o piso superior é bem mais sossegada, mas o sossego termina assim que você desce da escada, pois se você quis subir, outros querem descer, então várias pessoas seguindo a direita andam em passos rápidos por cima de você, enquanto você se esforça para esquivar com movimentos de ombro rápidos e reflexos que até então você achava que não tinha.

Em muitos outros lugares nossas amigas metálicas que se movem nos acompanham mas, se prestarmos atenção, a viagem nelas é sempre a mesma, com as mesmas distrações e pessoas!

Um comentário:

Gustavo Plaster disse...

Nossa, tem muita verdade nessa matéria, mas o que mais me chamou a atenção foi a elouquente descrição que o senhor trouxe a luz para nós pobres seres não detentores de um blog, ou que possuem um blog, mas não conseguem pensar com tanta facilidade, de qualquer maneira penso que essa sua matéria foi bem feita e interessante e deixo aqui mais um comentário de pensamentos incessantes!!!