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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quem não tem talento faz funk. Procede?

Nas épocas douradas (lê-se anos 70/80) era comum cruzar por jovens nas ruas ouvindo no rádio, no gravador ou nas vitrolas de suas casas bandas como Guns 'n' Roses e Iron Maiden. Adoradores de  músicas agitadas ouviam Michael Jackson ou disco, sucessos de discotecas criativas cheias de novidades empolgantes. As músicas eram recheadas de coisas novas, sintetizadores, novas instrumentagens, a melodia se tornava cada dia mais complexa e alegre de se dançar. Artistas de diversos países, americanos, asiáticos e europeus, cedendo à novidade e descobrindo seus talentos, criando música difícil de se tecer porém simples e prazerosa de se ouvir.

A tecnologia nunca para de evoluir, como já disse em posts anteriores deste blog, e obviamente, como em variados ramos e décadas (exemplos são filmes, videogames, meios de pesquisa, de comunicação etc), a tendência é de que a cada dia que passa possamos desfrutar de canções cada vez mais lindas, divertidas e tocantes, esperando que a música acompanhe o avanço tecnológico das outras áreas. Porém toda essa esperança desce esgoto baixo quando você, em pleno 2010, cruza com um jovem estudante nas ruas, com seu iPod em alto volume, ouvindo (e mostrando orgulho em ouvir) uma batida seca e repetitiva, acompanhada por uma voz sem timbre e tempo, 'falando' algo mais ou menos assim: "é só socada braba". O que aconteceu com o gosto musical dos jovens?

Basta olhar para outras formas de entretenimento que são sucesso em meio à nova geração. Programas apelativos, reality shows, mulheres semi nuas, é claro que um programa como Superpop, de Luciana Gimenez, por exemplo, com um desfile de modelos de lingerie e altos closes, vai ter mais audiência  que uma pergunta sobre variedades no game show Um Contra Cem, de  Roberto Justus. A população está mais interessada em sacanagem do que conhecimento. Isso pode explicar porque letras que proferem o sexo sem compromisso e a nudez feminina são tão adoradas hoje em dia. Enquanto pessoas talentosas se esforçam para fazer sucesso no Raul Gil e no Silvio Santos, gente como MC Créu e MC Luan ganham dinheiro simplesmente sem talento algum.

É incrível como o 'funk carioca' (sim, porque a palavra 'funk', quando usada sozinha, é aquela arte que gênios como James Brown e Kool & The Gang faziam) decolou de seu ponto de origem, ou seja, favelas, e pousou em meio a outras classes sociais.

O 'funk carioca' nada mais é do que um passatempo, e/ou uma forma de ganhar dinheiro, das pessoas menos favorecidas pelo país. Não é preconceito, longe disso. Dentro da favela, dentro de onde vivem, estas palavras e esta visão das mulheres e do sexo é mais do que comum. Com a ausência de preparo musical e materiais de qualidade, os bailes com um alto falante e uma bateria eletrônica já fornecem o necessário para expressar o que os "MC's" querem. O que surpreende é como esta 'música', sem qualquer produção, talento ou melodia, que exprime somente a prostituição de vários atos, possa vir a fazer sucesso entre pessoas que possuem mais conhecimento, escolaridade, meios de pesquisa e visão musical. Tá, este último ítem pode ser retirado.

Também não estou dizendo que não haja talentos nestes locais. Longe de mim. A cadeia musical que atinge estas áreas vem de rappers como Racionais MC's e MV Bill, ou seja, letras frias porém com sensacionais rimas. Ambos artistas vieram da favela e sou fã assumido.

Resumindo, a "moral" da fábula deste post é mostrar como que, quem tem talento, não importa se mora na favela ou no apartamento, consegue se destacar fazendo o que sabe. Já quem não tem, e mora em regiões desfavorecidas, em sua maior parte favelas, faz funk (carioca).

5 comentários:

Cintia Jackson disse...

Concordo plenamente com o que disse, mas devemos falar que não está só no funk essa vulgaridade, e assim no meia internacional, onde algumas não estão só semi numas como NUAS mesmo.

Gustavo Plaster disse...

meu fio quase que tu me mata com aquela dançarina de funk(infelizmente contradizendo sua matéria sim gosto de mulheres semi-nuas), mas MV Bill e Racionais não são do rap? se tu ta falando de funk então achei meio estranho ou eu posso estar interpretando errado ja q vc fala sobre aqueles mais pobres que acabam por fazer funk e rap(só agora entendi), mas sim essa é a verdade muitos pobres viram rappers e funkeiros, mas falando sério o q será que eh melhor ser rapper ou funkeiro ou bandas emo riquinhas (como restart, NXZero, etc)?(brincadeira), mas enfim muito bom esse artigo que tu escreveu continue assim meu fi!!!

D@N!3L jAcKsOn disse...

| | Eu citei os rappers pois são pessoas que vem da favela porém possuem cabeça e cérebro pra conseguir falar da realidade deles com rimas e palavras mais difíceis, ou seja, existe talento lá dentro e quem não tem, faz funk (carioca). | | Artistas internacionais podem aparecer totalmente nuas, mas nunca com a vulgaridade extrema das coreografias, danças, letras, apelações e “encoxadas” do funk carioca. Roupa nesse artigo é apenas um mínimo quesito, sendo que a das dançarinas nos bailes são minúsculas. | |

Ellen Verona disse...

pois éééé...funk como eu digo, é pra gente sem talento.

estou seguindo vc aqui.
beijos

Cris *lillybel* disse...

Disse tudo, Daniel!
Eu tive a sorte e a honra de ser da era "Disco". Havia mais romance, magia, respeito, responsabilidades, amor e exigências...
Hoje falta amor, respeito, inteligência, limites! E tudo virou banal, carnal, "bacanal". Tudo é "normal". É lamentável, mas só a educação e uma reavaliação de valores pode mudar isso. O povo precisa de mais cultura e educação. Sem generalizar, claro. Beijos, Daniel! quem dera todos os jovens fossem parecidos com vc (corujisse a minha né? rsrs)